Entendemos que o cuidado com o ambiente não é separado do cuidado com nós mesmos, que as práticas de sustentabilidade humana não devem estar dissociadas das práticas de regeneração do meio ambiente.
A conexão do Instituto Caminho do Meio com os temas ambientais remonta à própria atuação do Lama Padma Samten, então Alfredo Aveline, junto a nomes como José Lutzemberger e Celso Marques, no ativismo ambiental na década de 1970. Esse cenário envolveu a fundação, em 1971, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), pioneira nos movimentos ambientalistas brasileiros.
A visão ambiental do ICM está enraizada na visão budista de interdependência entre os seres.
“O tecido social é ainda restrito em relação à rede. A rede inclui os outros seres da biosfera, inclui a atmosfera como tal, os rios, os mares, as montanhas, os seres todos. Se não tivermos essa capacidade de olhar para os seres e protegê-los, não temos como proteger nem a nós mesmos, pois nós vivemos totalmente junto com eles. Respiramos a atmosfera, bebemos os rios. As plantas passam por dentro do nosso corpo e constituem as nossas células. O ambiente externo se transforma no nosso corpo físico diretamente. Isso importa. Nós não temos existência individual, somos uma oscilação em que o ambiente vai passando por dentro de nós e por dentro dos seres todos. Não há separação”
Lama Padma Samten
Assim, entendemos que o cuidado com o ambiente não é separado do cuidado com nós mesmos, que as práticas de sustentabilidade humana não devem estar dissociadas das práticas de regeneração do meio ambiente.
Felizmente, nas últimas décadas, diferentes pessoas e grupos têm se empenhado em criar conhecimento e práticas para produzir alimentos e cuidar do ambiente de formas regenerativas, ligados a conceitos como permacultura, agricultura natural, agricultura sintrópica, agroflorestas, etc.
O compromisso do Instituto é incentivar esses movimentos, promovendo ações educativas e de fortalecimento das redes.
Educação para a Sustentabilidade
A partir dessa visão, o ICM tem gerado ações educativas e de fortalecimento de redes em torno dos temas de sustentabilidade e regeneração.
Educação Gaia
De 2009 a 2011, organizamos ciclos do curso Educação Gaia – Design em Sustentabilidade, em parceria com a Fundação Findhorn, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a ONG Amigos da Terra Brasil.
O currículo do curso abrange quatro âmbitos da experiência humana – social, ecológico, econômico e visão de mundo – e conta com o endosso do Instituto para Treinamento e Pesquisa das Nações Unidas (UNITAR), por ter sido uma contribuição oficial à Década Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2005-2014).
Ainda em 2012, inspirados no Gaia, organizamos o curso Quatro Dimensões na Educação: Social, Econômico, Ecológico e Visão de Mundo, voltado para 70 funcionários da rede municipal de ensino de Viamão (RS), entre professores, diretores, coordenadores pedagógicos e representantes da prefeitura.
Investigando a Nossa Natureza
Em Alto Paraíso, o projeto Investigando a Nossa Natureza foi criado pelo Instituto Caminho do Meio em parceria com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Por meio dele, já levamos 700 crianças de escolas públicas e privadas de Alto Paraíso de Goiás a uma vivência intensa junto à natureza da Chapada dos Veadeiros. Buscamos despertar em nossas crianças o genuíno gosto e amor pelo Cerrado e a necessidade de sua preservação. O Cerrado é um dos principais berços de água do País e abastece as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, alimentando três dos maiores aquíferos do mundo, reservatórios subterrâneos que abastecem rios e nascentes.
Na primeira fase do projeto, buscamos despertar o sentido da maravilha e da contemplação, inspirando os jovens a ver a natureza como um local seguro, belo, limpo, agradável e que necessita de cuidados para esta e futuras gerações. Na ocasião, percebemos que a grande maioria das crianças da cidade nunca havia visitado o parque e pouquíssimas sabiam algo sobre a fauna e a flora da região onde vivem.
Na segunda fase, propomos uma atividade de recuperação com sementes de árvores nativas e plantas comestíveis, de forma que pudessem acompanhar do o plantio até a produção, tornando-se temporariamente responsáveis por cuidar e zelar uma pequena área, descobrindo por elas mesmas as transformações que as plantas sofrem durante o ciclo de vida e suas conexões com os seres ao redor delas (abelhas, lagartas, insetos, etc.).
Agroecologia e Produção de Alimentos
Entendemos a urgência, para o mundo atual, do desenvolvimento de um sistema de produção que, ao mesmo tempo, produza alimentos saudáveis de alto valor biológico, recupere áreas degradadas, devolva as águas às nascentes e traga de volta nossas florestas.
Assim, em Alto Paraíso (GO), o Instituto fundou o Centro de Pesquisa em Agricultura Sintrópica (CEPEAS), a partir da visão criada por Ernst Götsch e com o objetivo de apoiar e promover a capacitação de técnicos do ICMBio, agricultores das Unidades Conservadoras do entorno, ribeirinhos e comunitários moradores do interior de reservas extrativistas, florestas nacionais e Áreas de Proteção Ambientais, estudantes universitários das mais variadas áreas afins, técnicos, extensionistas e público em geral. Saiba mais em cepeas.org.
Em Viamão, o ICM tem se aliado a diversas instituições na promoção de alimentos saudáveis e práticas regenerativas de agricultura, por meio da rede EcoViamão. A rede é composta por parceiros como o Instituto Federal do Rio Grande do Sul — Campus Viamão, a Escola Técnica de Agricultura (ETA), a Escola Estadual Canadá, o Assentamento Filhos de Sepé, do MST, entre outros.
Além disso, na Aldeia CEBB Caminho do Meio, semanalmente é realizada uma feira de produtos naturais e de economia solidária, que incluem alimentos, artigos de higiene, cosméticos e artesanato.